quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Editorial


Vivemos numa situação, dita moderna, que sempre nos impulsiona a tentar simplificar nosso meio de vida. Assim, estamos sempre adquirindo novas formas de fazê-lo, mas acabamos nos enrolando cada vez mais.

Me lembro quando a mãe de um amigo decidiu que não queria mais cozinha. Decidiu comprar um microondas e com isso passou a economizar tempo. Comprava comida congelada e com um “click”, a comida estava pronta. Se tinha um pouco mais de tempo livre, então o que fazer? Hum... Bem, tinha que trabalhar mais, pois a comida congelada é mais cara, a energia gasta aumentou e ficou mais cara, sem contar que os móveis ficaram destoantes com o novo estilo de vida. Ela pensava que se trabalhassem mais, poderiam ter mais conforto. Que tal um ar condicionado? Afinal, ninguém merece dormir com calor! Andar de ônibus? Nem pensar. Aquele inferno, todo mundo apertado, um calor, cheiro ruim. Então decidiram comprar um carro com ar condicionado. Mas como pagar? Trabalhar mais era a solução. Já notaram que os canais abertos só passam programas ruins? Sem cultura, pobres de assunto. Sem falar dos noticiários. Então uma TV a cabo com uns 200 canais até que cairia bem. "Acho que agora vou ser feliz", pensava ela. E no final é o que todos nós achamos. Não percebemos que temos que trabalhar mais e mais, e acabamos não tendo tempo para usar nossos “brinquedinhos”, que pagamos tão caro para possuir. No final, não somos nós que os possuímos, mas eles nos possuem, pois passamos a vida inteira buscando forma de adquiri-los. Com isso também aumentamos nossa colaboração para o aquecimento global e todos os males que estão embutidos com o consumismo exagerado. Cada vez mais se anda menos nas ruas devido ao trânsito caótico, cada vez mais o estresse e a depressão estão presentes na vida do homem dito moderno.

Não paramos para pensar que estamos sempre desejamos o que não temos ou lamentando pelo que perdemos. Ter uma “Vida Simples” não é fugir de tudo isso, pelo contrário, é continuar e não se afetar ou se envolver.

Certo dia participava de um encontro com meu Guru e alguns amigos, quando uma amiga lhe perguntou: "Nós devemos renunciar a tudo?", e ele respondeu de forma surpreendente: “Como podemos renunciar ao que não nos pertence?... Existe uma estória num livro milenar da literatura védica, o Srimad Bhagavatam, que fala de uma rainha chamada Kunti, e que em suas orações ela diz que quando Deus nos quer bem, ele nos tira tudo. Quando li esta passagem, me senti muito querido por Deus, pois eu lembrei que eu não tenho muito, mas independente de eu ter ou não estas coisas, existe algo além disso: o DESEJO de ter!" E assim ele terminou, de forma brilhante, sua explicação: “Não ter nada significa, não ter desejos, pois você pode não ter nenhuma posse material, mas se sente inveja de quem tem ou sempre deseja obter mais e mais bens achando que terá uma vida feliz, então ainda tem muito o que ser tirado. Uma pessoa que não tem desejo pode ter tudo, mas em nenhum momento se afeta com perdas ou ganhos, e entende que tudo deve ser utilizado para sua auto realização e a auto realização dos outros."

Com este espírito estamos editando a revista virtual “Vida SimplesMente Elevada”. Aqui poderemos discutir formas de viver uma vida simplesmente elevada com uma vida simples de mente elevada.

Espero que todos gostem...
Hare Krishna.

Um comentário:

  1. Já vivi um pequeno tempo de minha vida com pensamento, atos e circunstâncias simplesmente elevadas e numa posição humilde e cheia de alegria. Hoje encaro como desafio enorme, reconquistar este "estado de paz". Há tanta coisa pra tirar da mente, do convívio, da lista de compras... e tanta coisa há pra se trazer pra alma, e dela levar pro mundo... Minha consciência elevada, totalmente reconheço como sendo uma dádiva do encontro com Krishna... pelo meu Mestre, grande amigo, meus amigos, tão devotos... os livros de Prabhupada... a voz doce e inebriante de Govinda dizendo: "vem comigo, vem?!!".
    Grande abraço e parabéns pela iniciativa Nadinha!
    Vancha kalpa!

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